John Wood o semeador de bibliotecas
Você teria coragem de sair de seu emprego para ajudar as pessoas? John Wood teve. Era um grande executivo, mas virou a mesa: criou milhares de livrarias pelo mundo para comunidades carentes. Em seu livro Saí da Microsoft para Mudar o Mundo, ele conta como foi isso
Por Marcelo Musarra
Você teria coragem de sair de seu emprego para ajudar as pessoas? John Wood teve. Era um grande executivo, mas virou a mesa: criou milhares de livrarias pelo mundo para comunidades carentes. Em seu livro Saí da Microsoft para Mudar o Mundo, ele conta como foi isso
Por Marcelo Musarra

Mas o que leva um jovem profissional no auge da carreira a abandonar a empresa que lhe dá fama e fortuna para abrir escolas e bibliotecas em países de paisagens inóspitas e climas mais ainda?
Coragem para sair de um estilo de vida pautado pelo consumismo é o mínimo. Vontade de construir um mundo melhor é o combustível desse homem que descobriu que mais vale fazer um pouco pelos outros do que muito para si mesmo.
Felizmente Woods não se contenta em fazer pouco. Fundador da Room to Read (literalmente, "sala para leitura", em inglês), esse norte-americano que tinha tudo para se tornar apenas mais um discípulo de Bill Gates já criou mais de 287 escolas e 3.600 bibliotecas. Resultado: 1,5 milhão de crianças
favorecidas em países como Nepal, Índia, Sri Lanka, Camboja, Vietnã, Laos e África do Sul. Por enquanto.
favorecidas em países como Nepal, Índia, Sri Lanka, Camboja, Vietnã, Laos e África do Sul. Por enquanto.
Em visita ao Brasil para lançar o seu livro, Woods nos recebeu num dos mais luxuosos hotéis de São Paulo. Apesar de ser um aparente paradoxo, esse luxo significa pouco para quem nos brinda com dicas inspiradoras que você pode conferir nesta entrevista concedida com exclusividade para a PLANETA.
Você fez uma revolução na sua vida. Como foi esse processo?Toda mudança implica profundas alterações. A maior delas acontece dentro de nós mesmos. Na época eu trabalhava na Microsoft desenvolvendo novos mercados e de repente apareci com essa idéia. As pessoas diziam: "Room To Read? O que é isso? Você é louco!" Hoje, as pessoas vêem que sim, eu sou louco (risos). Mas tenho um plano de negócios e isso muda tudo.
Essa idéia surgiu durante uma viagem ao Nepal. Você foi a negócio, turismo ou tinha alguma motivação religiosa?
Sou espiritualizado, mas não sigo nenhuma religião. Eu estava de férias e um dos livros que li foi A Arte da Felicidade, do Dalai Lama. Foi o texto certo, no momento exato. Ele me ajudou a ver que a minha felicidade não estava no universo corporativo.
Sou espiritualizado, mas não sigo nenhuma religião. Eu estava de férias e um dos livros que li foi A Arte da Felicidade, do Dalai Lama. Foi o texto certo, no momento exato. Ele me ajudou a ver que a minha felicidade não estava no universo corporativo.
Na Microsoft, tive muitas conquistas. Mas chegou um momento em que comecei a me questionar. Afinal, para que servia tudo aquilo? As palavras do Dalai Lama reforçaram em mim a importância de retribuir tudo que eu havia recebido. E também a idéia de que o importante não era cumprir o projeto que as outras pessoas tinham para mim: era ajudando aos outros que eu me sentia mais feliz.
Quais foram os maiores obstáculos para implantar o projeto?
O primeiro deles foi ser levado a sério. Na Microsoft eu era respeitado, tinha verbas. Já na Room to Read eu não tinha nada. O segundo foi manter a fé em mim mesmo. As pessoas me colocavam à prova, diziam coisas muito negativas. Então eu pensava: "Elas não vão conseguir me brecar. A única pessoa que pode fazer isso sou eu mesmo." Se você acredita em si, pode superar qualquer obstáculo.
O primeiro deles foi ser levado a sério. Na Microsoft eu era respeitado, tinha verbas. Já na Room to Read eu não tinha nada. O segundo foi manter a fé em mim mesmo. As pessoas me colocavam à prova, diziam coisas muito negativas. Então eu pensava: "Elas não vão conseguir me brecar. A única pessoa que pode fazer isso sou eu mesmo." Se você acredita em si, pode superar qualquer obstáculo.
No início você tentou obter recursos na Microsoft?
Eu tentei em todos os lugares. No começo não fui atrás de dinheiro, mas de livros e recebi ajuda de meus amigos. Isso foi muito estimulante. Eles
Eu tentei em todos os lugares. No começo não fui atrás de dinheiro, mas de livros e recebi ajuda de meus amigos. Isso foi muito estimulante. Eles
![]() |
... Ensino com diversãoAo lado, Wood mostra às crianças de Colombo, no Sri Lanka, que o aprendizado pode ser divertido, Abaixo, cerimônia de abertura de escola no Vietnã central. |
ajudaram a divulgar o meu trabalho e começaram a chegar doações de gente que eu nem conhecia. Aí você vê a importância de trabalhar em rede.
Foi sorte eu ter começado no Nepal. Muitas pessoas estavam indo para lá e viam de perto o problema da pobreza. Elas ajudaram porque sabiam que dar educação é diferente de dar esmolas: você não está dando uma ajuda momentânea. Está dando condições para que as pessoas se tornem auto-suficientes.
Como você aplicou os conhecimentos obtidos na Microsoft no desenvolvimento da Room to Read ?
A Microsoft tem uma cultura voltada para resultados. É preciso definir objetivos e conseguir alcançá-los. Eu trouxe esse pensamento para a Room to Read. Para serem bem-sucedidas, as empresas têm de estabelecer metas. As ONGs devem fazer o mesmo.
A Microsoft tem uma cultura voltada para resultados. É preciso definir objetivos e conseguir alcançá-los. Eu trouxe esse pensamento para a Room to Read. Para serem bem-sucedidas, as empresas têm de estabelecer metas. As ONGs devem fazer o mesmo.
Então você deu um tratamento profissional ao projeto.
Exatamente. O profissionalismo atrai capital. Além disso, trimestralmente enviamos milhares de e-mails para os nossos colaboradores mostrando qual era a meta inicial e o que efetivamente realizamos. Essa transparência nos torna parceiros, pois os doadores certificam-se de que estamos trabalhando duro.
Exatamente. O profissionalismo atrai capital. Além disso, trimestralmente enviamos milhares de e-mails para os nossos colaboradores mostrando qual era a meta inicial e o que efetivamente realizamos. Essa transparência nos torna parceiros, pois os doadores certificam-se de que estamos trabalhando duro.
Quando foi que o projeto começou a dar certo?
No primeiro ano, conseguimos apenas US$ 50 mil, provindos principalmente de mim mesmo (risos). No segundo, levantamos US$ 150 mil. Logo, abrimos sucursais e as doações começaram a chegar de todas as partes do mundo. Essa estratégia foi essencial para o nosso sucesso. Geralmente, as ONGs fazem campanhas direcionadas a todas as pessoas. Nós fazemos para as que são ligadas à educação. Elas sabem que o que estamos fazendo pode realmente mudar o mund
No primeiro ano, conseguimos apenas US$ 50 mil, provindos principalmente de mim mesmo (risos). No segundo, levantamos US$ 150 mil. Logo, abrimos sucursais e as doações começaram a chegar de todas as partes do mundo. Essa estratégia foi essencial para o nosso sucesso. Geralmente, as ONGs fazem campanhas direcionadas a todas as pessoas. Nós fazemos para as que são ligadas à educação. Elas sabem que o que estamos fazendo pode realmente mudar o mund
Nenhum comentário:
Postar um comentário